Pela vivência do cotidiano escolar, podemos observar
que os objetivos para com a aprendizagem dos alunos nem sempre é alcançada,
sendo muitos os motivos que interferem no sucesso do processo ensino-aprendizagem,
dentre eles, um muito importante é como se procede a organização (preparação)
dos professores e alunos, segundo seus papeis neste processo.
Durante a formação dos professores muito se fala em
planejamento, trabalhado em Didática. Comprovado em diversas pesquisas de
ensino e educação, um professor que prevê as dificuldades, organiza suas ideias
e estabelece coerentemente suas metas, possui maior sucesso no ensino do seu
conteúdo que professores que não planejam e de maneira aleatória aplicam suas
aulas. Isso não é correto, metodologias são necessárias para ensinar e
aprender.
Por outro lado, temos no aluno um papel muito
importante a ser desenvolvido dentro das atividades escolares, no seu próprio
desenvolvimento, colaborando com o trabalho do professor. O que frequentemente
ocorre é que os alunos se comportam como meros expectadores das aulas,
comparecendo ao ambiente escolar para contemplar a obrigação – nesse sentido,
as gerações juvenis vão à escola de maneira automática, sem ter noção do que é
estudar – tornando-se o processo escolar unilateral (professor atuante
efetivo), por quanto deveria ser bilateral (alunos e professores interagindo),
onde cada um dos agentes deveria ter consciência de seus papéis, de suas
responsabilidades e de como colocar se portar dentro de suas competências
particulares, isto é, professor e aluno, respectivamente, saberem como ensinar
e como aprender, metodologicamente falando.
O propósito dessa postagem é frisar a importância da
organização do professor antes de ensinar e do aluno antes de estudar
(aprender). Numa postagem anterior (de minha autoria) comentamos um pouco a
respeito do planejamento de aulas de ciências, isso fazia menção à organização
do professor. Tomamos aqui o texto anterior como retomada dessa importância,
mas fazemos como objeto principal o papel do aluno dentro do processo
educacional, em específico sua postura no momento de estudar.
Além dos conteúdos das diversas disciplinas que
precisam ser trabalhados, todo professor precisa orientar os alunos quanto às
estratégias mais indicadas para estudar cada conteúdo. Dentro de ciências, por
exemplo: a maneira de se estudar botânica não é a mesma para se estudar
genética, há métodos de organização diferenciados. Mostrando isso ao aluno,
eles se organizarão melhor e também aprenderão mais sobre os assuntos.
Segundo a assessora psicoeducacional Catarina
Iavelberg em entrevista à revista Nova Escola, ela afirma isso: “Não é possível
explicar os conceitos sem indicar os procedimentos necessários para
assimilá-los”. O ideal é que os professores trabalhem com isso o ano todo e que
mostrem à classe que essas práticas devem ser realizadas constantemente e não
apenas na véspera das provas. A aprendizagem da turma é mais importante que os
resultados em avaliações.
Alguns procedimentos podem ser utilizados e valem
para todas as disciplinas, como fazer e reler resumos e registrar um glossário
dos termos principais ou mais difíceis (certas áreas requerem métodos mais
específicos de organização e estudo).
Orientações mais específicas sobre como fazer
resumos, tomar notas, eleger informações importantes, produzir esquemas e rever
caçulos, estão disponíveis em www.abr.io/estudos
Dicas para os alunos:
1) Ambiente: encontre um lugar fixo, silencioso, organizados e
bem iluminado. Pode ser uma biblioteca ou na sua casa. Estudar na cama e perto
da TV ou durante a refeição pode distrair você e prejudicar o aprendizado.
2)
Planejamento: organize bem o tempo e
não deixe as tarefas para a última hora. Separe o que irá utilizar e comece por
aquilo que você tem dificuldade. Faça intervalos breves após cada tema, coma
algo ou se exercite.
3) Atenção
ao caderno: mantenha o caderno em
dia, mesmo se você faltar. Na aula, anote o que o professor destacar como
importante em uma cor diferente. Se usar vermelho para isso, saberá que deve
reler o que tem essa cor.
4) Na
véspera: no dia anterior à prova,
você deve relaxar. Revise o que foi aprendido e releia suas anotações para
lembrar os pontos principais, mas deixe tempo para descansar, comer e dormir
bem.
5) Leitura
Ativa: antes de ler todo o texto,
descubra o tema central. Grife os trechos principais, faça anotações e registre
as dúvidas para tirar com o professor. Sempre use o dicionário para pesquisar o
que não conhece.
6) Todos
por um: estude em grupo de vez em
quando. Essa é uma maneira de compartilhar o conhecimento. Sua dúvida pode ser
resolvida por um amigo e você também pode ajudá-lo com outra questão.
Para os professores,
adotar algumas medidas poderá contribuir, e muito para a aprendizagem do aluno
(é dessa forma que se estabelece, didaticamente, a relação dos professores e
dos alunos):
1)
Compartilhar experiências: organize
uma roda de conversa e peça que cada aluno conte para os demais como estuda.
Dessa maneira, você observará o que eles ainda não incorporaram e acaba dando
oportunidade para todos aprenderem com os colegas. Não se esqueça que cada um
aprende de uma maneira diferente. Ajude os alunos a descobrirem o que é melhor
para eles, mostrando as opções disponíveis e fazendo-os praticar até encontrar
a melhor opção.
2)
Aproveitar a lição de casa: a
atenção às tarefas é importantíssima para a dedicação da turma. Garanta que
todos levem para casa as instruções e o material necessários. Para verificar se
eles se apropriaram dos conteúdos peça uma síntese da aula em casa e na próxima
aula peça que alguns leiam o que fizeram.
3) Usar bem
o caderno: invista no caderno como
instrumento de estudo. Ajude os alunos a construi-lo de modo que as informações
fiquem bem claras, novamente lembre-se que cada um tem uma maneira de se
organizar. Indique no quadro o que é mais importante ser destacado e forneça
dicas sobre o que deve ser anotado. Recolha alguns cadernos e dê um retorno
para a turma, mostrando o que pode ser melhorado, assim, acompanhará se o uso
do caderno está correto.
4) Avaliar
constantemente: promova breves e
contínuas atividades de avaliação, para diagnosticar o avanço da turma. Dessa
maneira você estimulará uma dedicação constante do grupo. Estudar só no dia
anterior à prova compromete a aprendizagem e gera ansiedade. O aluno precisa
criar hábitos de assistir às aulas, fazer lições, revisar o que foi dado e ver
o que será explorado na aula seguinte. Se ele proceder assim, a véspera da
prova será apenas um momento de revisão.
É importante frisar que os comentários acima,
incluindo as sugestões para alunos e professores, também se aplicariam
perfeitamente às disciplinas dos cursos de graduação do ensino superior,
porquanto que nas Universidades também ocorre o processo de ensino e
aprendizagem, e vai além, a responsabilidade da formação de professores. Essa
atenção e prática de “ensinar a estudar”, devem vir desde berço, ou seja, desde
a formação dos professores.
Esperamos que com essas pequenas sugestões, possamos
contribuir um pouco mais para o sucesso dos professores e dos alunos, quando
ensinam e quando aprendem, ambos pelos estudos.
Finalizamos com o comentário do filósofo e professor
Mario Sérgio Cortella sobre Método:
“Ter método
é estruturar passos e caminhos para chegar a algum lugar, em vez de deixá-los
correr de uma maneira frouxa. Ser metódico, inclusive, ajuda a cansar menos.
Método. Organização. Não é ter obsessão metodológica. Isto é necessário em
algumas atividades, como o campo da Ciência. Mas ser capaz de organizar,
planejar, em vez de ir vivendo de maneira automática, robótica, dizendo: ‘Eu
não esquento a cabeça’. Geralmente quem diz que não esquenta a cabeça, acaba
esquentando com muita facilidade porque fica sem tempo.”
Qualquer dúvida comentem!
Adaptado
de:
TEIXEIRA,
Larissa. Estudar também é algo que se ensina. Revista Nova Escola, São Paulo, Ano XXVIII, nº 266, p.53-56, out.
2013.
CORTELLA,
Mario Sergio. Pensar bem nos faz bem!
. Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo, SP: Ferraz & Cortella, 2013. p. 62
Escrito e publicado por: Igor Ruan