Por Lauro Tozetto
Imagine que você está passando as férias na Amazônia e resolve se refrescar em um dos seus deliciosos rios. Aí vem ''aquela'' vontade de ir ao banheiro e você não vê nenhuma outra opção, se não fazer no próprio rio. Afinal, que problema teria em fazer xixi ali, não é mesmo? O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que, na verdade, os problemas são maiores do que se imagina.
A surpresa fica sob a responsabilidade de um morador desses rios amazonenses, um peixinho relativamente pequeno, chamado de candiru, que é atraído pela amônia e ureia, substâncias encontradas na urina dos peixes e seres humanos, respectivamente. Seguindo seus instintos, o candiru acaba entrando onde não deve.
Os candirus são peixes da mesma família dos bagres (Trichomycterida) e nem todos oferecem risco ao homem. Mas um em específico, o candiru-verdadeiro, é um parasita hematófago (animais que alimentam-se de sangue) que, normalmente, parasita os peixes por alguns minutos.
Alguns peixes excretam amônia pelas brânquias, um estímulo para o candiru se aproveitar da situação. Com uma espécie de arpão que tem na cabeça, ele fixa-se a uma artéria do peixe e tem o sangue diretamente bombeado pra dentro de si, aproveitando o fluxo positivo da corrente sanguínea do animal parasitado.
Quando o candiru erra o seu alvo e entra na uretra de algum banhista desavisado atraído pela ureia da urina, tenta fixar seu arpão em algum lugar para poder ingerir o sangue. Mas como o candiru não sabe chupar, ele não consegue se alimentar por não haver uma pressão positiva do sangue. Em seguida, ele desiste e tenta sair. É neste momento em que ele percebe estar no lugar errado. Nesta hora, a pessoa está desesperada e com muita dor e, logo, seu esfíncter uretrário (canal por onde o ''peixinho'' entrou) está mais fechado e o candiru não consegue fazer o caminho de volta.
A forma mais recomendada para a retirada desse corpo estranho é a extração cirúrgica, mas os índios da região conhecem outra: sentar e relaxar para o canal abrir e o peixe seguir seu rumo. Porém, desta maneira, o índice de pessoas que morrem por infecção generalizada por não procurarem um serviço médico é bastante alto.
Uma última dica para quem for fazer um tour na Bacia Amazônica: caso você pesque um candiru por engano, tome muito cuidado. Esse peixe secreta um muco ao ser manuseado que, ao entrar em contato com a água, torna-se uma geleia transparente, semelhante à clara de ovo e bastante pegajosa. A única forma de retirá-la de suas mãos é com o cuspe. Haja saliva!
E se você ainda não está convencido a não mergulhar ou pescar desprevenido na Amazônia, aqui vai uma foto da boca do ''vampiro'' candiru:
REFERÊNICAS ELETRÔNICAS:
Parabéns pelo texto.. está bem escrito, com uma linguagem acessível. E o tema escolhido também foi muito interessante.. adorei! Parabéns pelo blog! :)
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