O
material apresentado a seguir é produto de um trabalho de conclusão de
disciplina, intitulado “História e Filosofia da Ciência na Formação de
Professores: necessidade para a prática docente contextualizada”. O principal
objetivo desse material é proporcionar ao leitor uma abordagem que valorize a
evolução do pensamento científico, mais do que a apresentação de fatos
históricos. Para os professores de ciências, a intenção é contribuir com a contextualização
da ciência em suas aulas, tratar a ciência como um processo, que não é neutro,
ahistórico e ateórico, e sim construída por pessoas, influenciadas por
concepções, pela sociedade e pelo momento histórico.
Trate-se
de um hipertexto, onde a partir de palavras chave, o leitor pode explorar ainda
mais o assunto.
O
hipertexto é constituído de imagens referentes aos estudiosos, hiperlinks
referentes à biografia de cada um, e também hiperlinks referentes às principais
ideias ou descobertas que cada um deixou para a ciência. Há também a
caracterização sociocultural de cada época, para contextualizar os períodos nos
quais a ciência se desenvolveu.
Ao
final do hipertexto há um mapa conceitual que resume a relação entre a ciência
e os períodos históricos.
“A explosão do conhecimento
grego não foi tão longe como a nossa, no que diz respeito á investigação,
compreensão e controle da natureza externa. Mas, apesar das contribuições
ostentosas das nossas “ciências humanas” da economia, sociologia e psicologia,
pode-se dizer que os antigos pesquisadores gregos compreenderam pelo menos tão
bem como nós aquilo o que pode ou não ser dito acerca da natureza humana e da
boa vida. Mesmo que tenhamos visto a física chegar mais longe do que alguma vez
foi sonhado pelo gregos, estes levaram a filosofia, especialmente a filosofia
ética, mais longe do que fomos capazes” (VAN DOREN 2012)
Considerado um dos primeiros
filósofos do ocidente, introduziu a matemática na Grécia.
Acreditava que o universo e
seus fenômenos poderiam ser representados pela matemática. Considerava o
pensamento uma fonte mais poderosa de conhecimento do que os sentidos.
Demócrito-460-370 a. C.
Idealizador do “atomismo” – o universo seria composto por corpúsculos indivisíveis. Era a favor da validade dos sentidos.
Argumentou não ser possível pressupor a existência das
coisas, apenas a das percepções, para ele, “ser é ser percebido”
1929-1937
Criticou o princípio da
verificabilidade, e propôs novo critério de demarcação entre a ciência e a não
ciência: a falseabilidade.
Idealizador do “atomismo” – o universo seria composto por corpúsculos indivisíveis. Era a favor da validade dos sentidos.
Filosofia voltada para o
homem e a sociedade. Acreditava na supremacia da argumentação e do diálogo
Platão- 427-347 a. C.
Para Platão a filosofia
seria o método capaz de distinguir o falso do verdadeiro, seria também o meio
pelo qual as políticas do estado e a formação dos cidadãos seriam pensadas.
Platão dedicou-se a estudar sobre a teoria do conhecimento, e para isso criou uma
distinção clara entre o chamado mundo
das ideias e mundo
dos sentidos.
Aristóteles, discípulo de
Platão, discordou da teoria do mundo dos
sentidos e mundo das ideias, sua explicação se baseava na matéria e na
forma, e na
teoria das quatro causas. Para explicar a matéria o filósofo usou a teoria dos
quatro elementos primordiais (água, terra, fogo e ar) criado pelo pré socrático
Empédocles. Aristóteles também propôs teorias sobre o movimento e a
classificação dos seres vivos.
Nesse período,
considerava-se a Terra como o centro do universo, e uma divindade imutável como
a fonte de todas as criaturas e movimentos. Suas explicações foram aceitas por
20 séculos.
Retomou o atomismo de
Demócrito e defendeu a ideia que o conhecimento é fruto da sensação
Ptolomeu
utilizou a física de Aristóteles e a matemática de Platão para explicar o céu.
No sistema Ptolomaico, sete astros (lua, sol,
Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno - conhecidos na época, e vistos sem a
ajuda de instrumentos ópticos), circulavam em órbitas esféricas com velocidades
constantes, sem necessariamente, ser ao redor da TERRA IMÓVEL, no centro do
universo.
A vida durante os séculos do
início da idade média era dura para quase todos os europeus, sobreviventes e
descendentes do que foi o Império Romano. Devido à devastação provocada pelas
invasões bárbaras do século V e VI d.C., enfrentaram três grandes desafios: a
luta pela subsistência, um mundo de inimigos e
o problema de Deus (VAN DOREN 2012)
Viveu no Século I da Era Cristã e pertencia ao clero. Utilizou
o racionalismo de Platão e Aristóteles para defender a doutrina cristã.
Um
dos principais difusores da alquimia na cristandade foi o frade franciscano
Roger Bacon. Em suas sínteses, Bacon procurava demonstrar a importância do saber
prático como complementar às especulações teóricas.
1467-1536
Mais um representante do clero. Admitiu ser possível
chegar a certas verdades por meio da razão e dos sentidos, além da iluminação
divina.
Postulava a ideia da tábula
rasa, ou seja, a mente dos bebes recém-nascidos encontrava-se em branco,
devendo ser preenchida a partir dos sentidos.
A medida que o Renascimento
se difundiu por toda a Europa, deu origem a um novo estilo na arte que
enfatizava o realismo, a naturalidade e a verossimilhança. Os temas eram,
muitas vezes, os mesmos do antigo estilo bizantino simbólico: a Anunciação, a
Crucificação, a Deposição, as Bodas de Caná e outros parecidos. Mas agora as
figuras pintadas refletiam o mundo do observador, expressavam sentimentos
iguais aos seus e, em consequência, comoviam-no de uma forma totalmente
diferente (VAN DOREN 2012).
Era humanista. Pregava a necessidade da integração entre
a razão e a espiritualidade.
Nicolau Copérnico1473-1543
O polonês Nicolau Copérnico foi
responsável por conceitos de astronomia aceitos atualmente. Sua obra teve como
base mostrar que o sistema de Ptolomeu era matematicamente inviável. Considerou
que o sol, imóvel, estava no centro do universo - modelo
heliocêntrico, que a Terra era apenas mais um planeta e
que estava em movimento ao redor do sol como os outros, que o movimento era circular
e que ela era uma esfera. Também postulou que tudo o que estava na Terra, de
fato, a ela estava ligada (seres, nuvens, etc) e por isso não eram arremessados
para fora com o movimento.
Tyco
Brahe 1546-1601
O
astrônomo Tyco Brahe realizou
importantes medições astronômicas com instrumentos criados na sua época, e
possibilitou que Johannes Kepler estabelecesse as leis do
movimento planetário. Ele demostrou, matematicamente, ser elíptico
o movimento dos planetas ao redor do sol. Viveu
em um período de intolerância religiosa e aceitou as ideias de Copérnico quanto
ao sistema HELIOCÊNTRICO.
A indução
seria a principal maneira de produção de novos conhecimentos. Elaborou uma
teoria do erro.
1564-1642
Galileu
Galilei construiu sua obra e superou as ideias de Aristóteles. Em 1609, usou uma
luneta para ver manchas solares, crateras e montanhas na Lua, notou luas na
órbita de Júpiter, anéis ao redor de Saturno e um novo afastamento para as
estrelas. O uso da luneta revelou aquilo que a olho nu não podia ser visto,
superando as explicações de Aristóteles. Fundamentou cientificamente a Teoria Heliocêntrica de Copérnico.
Discordando
de Aristóteles, Galileu abriu caminho para a unificação do mundo terrestre e
celestial e contribuiu para uma nova maneira de explicar os fenômenos naturais,
mas precisou negar seus estudos porque o clero, na época, com poder político,
não aceitava suas conclusões.
1596-1650
Estabeleceu a ideia do dualismo
mente-corpo que se disseminou e ainda é marcadamente
influenciador no meio acadêmico-científico. Adotou o raciocínio matemático como
modelo para chegar a novos conhecimentos.
Thomas
Hobbes 1588-1679
Empirista e racionalista. Acreditava que o conhecimento é
possível devido à sensação, á imaginação e a razão.
Em
1668. o experimento do médico italiano
Francesco Redi colocou
sérios problemas à hipótese da geração espontânea, difundida desde os tempos de
Aristóteles, para explicar a origem da vida no planeta Terra. Até aquele
período, predominava a explicação da criação pelo divino (todos os seres se
criavam a partir da lama). Essa discussão se estendeu ao longo dos anos finais
do século XVII, entrando pelos séculos seguintes.
1627-1691
Robert Boyle era adepto da
teoria corpuscular da matéria. Em seus trabalhos concluiu não ser possível
aceitar a teoria de Paracelso,
segundo o qual toda matéria seria constituída a partir de três princípios
básicos: enxofre, mercúrio e sal. Boyle substituiu a teoria de Paracelso
apoiando-se na concepção
atômica da matéria e pressupôs uma prima naturalia.
Um importante instrumento
utilizado a partir do século XVII foi o microscópio,
construído pelo inglês Robert Hooke. Através
desse instrumento um mundo ainda invisível ao homem foi descoberto.
Além do mundo macroscópico
(astros, planetas, galáxias) que já era estudado, um mundo microscópico
começava a ser revelado (organismos, células, moléculas, partículas, etc).
Movimento intelectual que se
fortificou na França e se espalhou pela Europa teve influência sobre a Ciência,
a Filosofia, a política, a cultura e ao comportamento da sociedade. Nesse
período foram lançadas as bases do racionalismo para corrigir as desigualdades
da sociedade e garantir os direitos naturais do indivíduo, como a liberdade e a
livre posse de bens. Os iluministas acreditavam que Deus estava presente na
natureza e também no próprio indivíduo, sendo possível descobri-lo por meio da
razão.
Os Iluministas defendiam a liberdade e primavam pelo progresso.
(1642-1727)
Construiu
explicações para os fenômenos luminosos. Com sua experiência
da decomposição da luz branca nas cores que a constituem,
ele estabeleceu que a cor não é uma qualidade dos objetos, mas um atributo da
própria luz. Vale ressaltar que durante o século XVII e início do XVIII ainda
não havia uma clara distinção entre o conhecimento científico e o místico. Na
concepção de natureza de Newton, existem frequentes menções a Deus. Para Newton
Deus era algo além de um mero engenheiro do universo, era atuante
permanentemente no mundo.As críticas de Galileu (Renascentismo) a Aristóteles (Período
Clássico) e as leis de Kepler permitiram entender o universo de maneira
diferenciada, porém ainda faltava explicar o movimento
dos corpos celestes e terrestres. A resposta veio com Isaac
Newton.Sua metodologia lhe possibilitou descrever
leis
que explicavam o movimento dos corpos celestes e terrestres, unificando ambos,
ou seja, a lei que vale para o planeta Terra também vale para qualquer outro
lugar no espaço, e vice versa. A lei da inércia elaborada por Newton teve
influência das obras renascentistas. Ressalta-se que nas pinturas de idade
média não é possível enxergar comunicação entre céu e Terra, havendo sempre uma
clara distinção entre ambos. Essa concepção espacial era coerente com o
universo aristotélico. Era necessária uma nova visão do espaço para que se
pudessem instaurar leis de acordo com a nova concepção.
1650-1715
A revolução industrial
ocorreu devido a vários fatores, dentre eles o acúmulo de capital da burguesia
britânica e a migração de camponeses para as cidades. Com a ampliação da mão de
obra barata nas cidades, a atividade manufatureira cresceu, porém havia outro
problema, a matéria prima.
A
resolução do problema se deu através da tradição empírica inglesa, a
inventividade e o aperfeiçoamento de determinados mecanismos como a máquina a vapor, desenvolvida pelo
militar inglês Thomas Savery e usada durante 35 anos.
Posteriormente
Thomas Newcomen (1663-1729) projetou
uma nova máquina, a qual corrigia
certos problemas em relação à outra. Porém em 1765 James Watt construiu uma nova máquina,
ainda mais completa do que a de Thomas.
1685-1753
1724-1804
Após
o estabelecimento da ciência
moderna, a fim de responder a uma questão crucial: como se
conhece a verdade? Surge a dualidade racionalismo
versus empirismo.
Os
filósofos racionalistas acreditavam ser o pensamento a única fonte confiável e
verdadeira de conhecimento e tinham como referência a obra de Descartes. Já os
empiristas entendiam que todo saber só poderia vir dos sentidos, da experiência
sensível, tendo como representantes desta corrente o britânico John Locke e David Hume.
Perante
este contexto Immanuel Kant tenta em seus trabalhos resolver a dualidade
entre o racionalismo e o empirismo. Segundo Kant a razão sem os conteúdos dos
sentidos é vazia, mas as sensações sem a razão são cegas.
Considerado
o maior filósofo do iluminismo, Kant respondeu a diversas questões e apontou
novos problemas, possibilitando um bom caminho para as investigações do século
XIX.
Jean-Baptiste
de Monet de Lamarck 1701-1788
A mais importante referencia na formação de Lamarck foi Georges
Louis Leclerc, conde de Buffon. O sistema
evolucionista criado por Lamarck era bastante complexo. Assim como Newton ele
acreditava num deus criador da natureza regular, que podia ser descrita por
leis. Entretanto, essa criação não terminara, estava aberta às transformações.
Denis
Diderot 1713-1784
Lançou uma concepção de conhecimento e aprendizagem baseada na ciência,
que viria se tornar típica da modernidade.
O século XIX testemunhou a
descobertas de novas fontes de energia, como o petróleo, a eletricidade e
também novos aparelhos de comunicação, tais como o telégrafo e o telefone. No
final do século, homens de visão da Alemanha e dos Estados Unidos profetizaram
que o recém-inventado automóvel viria a ser o mais revolucionário veículo que o
mundo já vira (VAN DOREN 2012).
1798-1857
Criador do positivismo.
Doutrina segundo a qual somente o conhecimento científico é válido e genuíno.
Considerou quatro acepções para a palavra “positivo”: real, útil, certo e
preciso.
1809-1882
Charles Darwin, apesar de
conhecedor do pensamento transformista, não era adepto convicto a essas ideias.
Segundo ele, faltava uma fundamentação conclusiva para o processo de adaptação
das espécies. A análise das observações registradas durante a viagem
no Beagle, e uma soma de diversos outros fatores de cunho
filosófico começaram a dar forma ao pensamento
evolucionista de Darwin.
Marie
Curie 1867- 1934
Primeira pessoa a ser laureada duas
vezes com um Prêmio Nobel de
Física, em 1903 (dividido com seu marido, Pierre Curie e Becquerel) pelas suas
descobertas no campo da radioatividade. E com o Nobel de Química de 1911 pela descoberta
dos elementos químicos rádio e polônio.
Físico e matemático alemão. Entrou para o rol
dos maiores gênios da humanidade ao desenvolver a Teoria da Relatividade. Estabeleceu a relação entre massa e energia e formulou a equação que
se tornou a mais famosa do mundo: E = mc². Em 1921, recebeu o Prêmio Nobel de
Física, por seus trabalhos sobre o efeito fotoelétrico e a teoria quântica.
1929-1937
Grupo de filósofos e
cientistas que criou a doutrina do “empirismo lógico” e do princípio da
verificabilidade, segundo o qual só é considerado verdadeiro o que pudesse ser
empiricamente verificado.
Contemporaneidade
Karl
Popper - 1902-1994
Thomas S. Kuhn 1922-1996
Desenvolveu o conceito de paradigma
científico, propondo a ideia de que a ciência avança em grandes
saltos qualitativos quando ocorriam mudanças nesses paradigmas.
Propôs um anarquismo
metodológico. Segundo ele os avanços científicos ocorrem quando regras
metodológicas são postas de lado.
A ciência, para ele, é basicamente uma atividade de
solucionar problemas.
Físico teórico e cosmólogo e um dos mais consagrados cientistas da atualidade.
Doutor em cosmologia, professor na Universidade
de Cambridge, um posto que foi ocupado por Isaac Newton.
MAPA CONCEITUAL
Referencias
bibliográficas
APPOLINÁRIO, F.; Metodologia
da Ciência: filosofia e prática da pesquisa. 1 ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.
BRAGA, M.; GUERRA,
A.; REIS, J.C. Breve história da
ciência moderna. Vol. 1: convergência de saberes (Idade Média). 4.ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 2011. 101p.
BRAGA, M.; GUERRA,
A.; REIS, J.C. Breve história da
ciência moderna. Vol. 2: das máquinas do mundo ao universo máquina. 3.ed.
Rio de Janeiro: Zahar, 2010. 135p.
BRAGA, M.; GUERRA,
A.; REIS, J.C. Breve história da
ciência moderna. Vol. 3: das luzes ao sonho do doutor Frankenstein. 2.ed.
Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 157p.
SEVERINO, A. J. Filosofia. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2007.
VAN DOREN, C. Uma
breve história do conhecimento: os principais eventos, pessoas e conquistas
da história mundial. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012. 479p.
Texto por: Ana Paula de Melo
Organizado e publicado por: Jean Fernandes
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