O maior réptil voador
pré-histórico da América do Sul esperou dez anos para ser apresentado ao
público. Exibido dia 20 de março, os fósseis de um pterossauro – um dos
exemplares mais completos já encontrados no mundo – ficaram engavetados no
Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até que
pesquisadores tivessem recursos para montá-lo.
Retirados da Chapada do Araripe, na divisa entre os estados de Ceará e
de Pernambuco, os fósseis só foram desincrustados de uma grande pedra de
calcário doada anonimamente ao Museu Nacional, estudados e remontados nos
últimos dois anos por meio de um financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O trabalho, que inclui uma réplica em
tamanho real do réptil, custou R$ 100 mil e será mostrado ao público a partir
de 22 de março.
Segundo o coordenador da pesquisa, Alexander Kellner, as peças do
pterossauro Tropeognathis cf. Mesembrinus no museu chamavam a atenção
pelo tamanho e representavam 60% do corpo do dinossauro. Ao analisar os
fósseis, ele constatou que o animal media 8,5 metros de uma asa até a outra,
pesava cerca de 70 quilos e tinha quase todo o esqueleto e crânio preservados.
“Eu sabia que o bicho era grande. Achávamos até que era uma espécie
nova, só no final da pesquisa descobrimos que não era”, disse o paleontólogo.
Para efeito de comparação, ele cita que o albatroz, a maior ave da atualidade,
tem 3 metros de envergadura e pesa 20 quilos - um efeito da adaptação
evolutiva.
Em 2011, a descoberta recente de um pterossauro na Chapada de Araripe
confirmou que os fósseis doados ao museu pertenciam a espécie Tropeognathis
cf. Mesembrinus. As escavações, feitas pelas equipes do Museu Nacional, da
Universidade do Cariri e do Departamento Nacional de Produção Mineral, indicam
que pterossauros maiores habitaram a mesma região.
"Durante escavações, encontramos fósseis de um exemplar da mesma
espécie, de um animal de 5,5 metros. Como esses ossos estavam em formação,
constatamos que os animais eram da mesma espécie, mas o de lá, mais jovem”,
disse.
Na parte cearense da chapada, fósseis de pteressauros, de pássaros e de
peixes variados foram encontrados por paleontólogos e por moradores. Os
estudiosos acreditam que, há 110 milhões de anos, a região era um lago e, pelas
condições naturais, de deposito de calcário, favoreceu a preservação dos ossos
dos animais em nódulos.
“Sabemos porque os fósseis dessa região estão bem preservados, mas por
que a Bacia do Araripe é um dos mais importantes depósitos desses fósseis no
mundo, isso requer mais pesquisa”, disse o paleontólogo.
Na mesma situação em que estava o maior réptil voador pré-histórico do
hemisfério Sul, engavetado no Museu Nacional, estão milhares de fósseis doados
ou encontrados pelos pesquisadores. Além da falta de recursos, os pesquisadores
do órgão dizem que é necessário interesse científico profissional e a
curiosidade do público.
postado por Fabiane
0 comentários:
Postar um comentário